Crianças do Vale do Jequitinhonha, da Serra do Mar, de Moçambique e Portugal: Exposição sobre a preservação das águas

A origem das oficinas e a diversidade cultural da exposição “Telegarrafas”

Uma garrafa é lançada na água, transmitindo uma mensagem urgente que conecta pessoas em diferentes partes do mundo. Esse é o conceito central de um projeto que reúne crianças do Brasil, Moçambique e Portugal na importante luta pela preservação das águas. Iniciado em 2009 em São Gonçalo do Rio das Pedras, distrito de Serro, no Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, a partir de oficinas com alunos de uma escola pública, o projeto “Telegarrafas” agora ganha uma exposição homônima no Palácio das Artes, com quatro instalações na Galeria Mari’Stella Tristão. A abertura da exposição está marcada para 1º de outubro, com apresentações educativas no Cine Humberto Mauro e uma performance ao vivo na galeria. A inauguração contará com uma apresentação de música e dança de uma das crianças participantes, Meryê Paraguassu (9 anos), e sua família, da etnia indígena Guarani Mbya em Ubatuba, SP. Além disso, crianças ribeirinhas do Médio Jequitinhonha, da comunidade quilombola de Vila Nova em São Gonçalo do Rio das Pedras e da família da ceramista Dona Izabel, reconhecida nacionalmente por seu trabalho no Vale do Jequitinhonha, estarão presentes.

A exposição “Telegarrafas” convida o público a mergulhar nas histórias de crianças e suas famílias, que vivem em contato com as águas, suas paisagens e as ameaças que colocam em risco a vitalidade da natureza em seus territórios. Resultado de oficinas de escuta das águas e da produção de filmes educativos com as crianças, a exposição apresenta elementos da identidade cultural das personagens por meio de cartografias, painéis fotográficos, projeções e objetos relacionados à vida dessas crianças. As instalações abordam as águas de comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas, explorando a memória de suas famílias, as brincadeiras livres na água e a intimidade com os rios. Os trabalhos expostos também mostram a diversidade de vidas e a multiplicidade de relações com o mar.

A exposição “Telegarrafas” é realizada com apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e tem o Patrocínio Master do Grupo SADA. A correalização é da APPA – Cultura & Patrimônio, com atividades da Fundação Clóvis Salgado apoiadas pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. A mostra também conta com o Patrocínio Master da Cemig e do Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal e Patrocínio da Vivo.

O Palácio das Artes faz parte do Circuito Liberdade, que engloba 32 espaços com diversas expressões artísticas e culturais, integrando-se ao turismo local.

Desaguando no futuro – O projeto transmídia “Telegarrafas” possui quatro etapas. Após as oficinas no Vale do Jequitinhonha e em outras regiões do Brasil e do exterior, foi produzido o filme ficcional “A mensagem de Jequi”, previsto para lançamento em 2025. O filme narra a história de uma criança quilombola (Kaique Santos Silva) que lança um barco no rio próximo à sua casa, conectando-se com outras crianças do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, Serra do Mar em São Paulo, Portugal e com o povo Chope em Moçambique, reconectando-se com sua própria ancestralidade. A terceira etapa é a exposição no Palácio das Artes, seguida pela produção de uma cartilha de educação climática baseada nas mensagens das crianças ao longo da exposição. Em 2025, também está previsto o lançamento de um livro infantil ilustrado com as histórias das crianças envolvidas no filme e na mostra.

Igor Amin, idealizador do Instituto Mundos e curador da exposição, destaca a importância das oficinas com as crianças da Escola Estadual Mestra Virgínia Reis, que resultaram na concepção do projeto. A água emergiu como tema central nessas conversas, levando à ideia de troca de mensagens em vídeo por meio de garrafas entre crianças do Vale do Jequitinhonha e ao redor do mundo. O curador convida o público a explorar essas mensagens e deixar as suas próprias contribuições, incentivando a participação ativa dos visitantes.

Propostas artísticas múltiplas – Na exposição, a primeira sala apresenta 100 garrafas de barro criadas pela família da bonequeira Dona Izabel, onde os visitantes poderão assistir a depoimentos das comunidades das águas e das famílias das crianças envolvidas. O segundo espaço exibe 6 coletores feitos de madeira e plástico reciclável, com tablets exibindo imagens das crianças em suas atividades diárias. Os espectadores são convidados a deixar mensagens poéticas sobre a importância da coexistência harmoniosa entre crianças e águas. Na terceira sala, há impressões em cianotipia das seis crianças e uma projeção central mostrando os artistas e suas rotinas, além de barcos de brinquedo relacionados à infância e à relação com a água. Por fim, no quarto espaço, uma embarcação em tamanho real feita com madeira e garrafas convida o público a interagir de forma criativa e lúdica. Esta parte da galeria também conta com projeções mapeadas, redes com mensagens do público, peneiras e varais de bambu, relacionando-se com os territórios das crianças envolvidas.

Algumas mensagens deixadas na Galeria Mari’Stella Tristão poderão ser exibidas no próprio espaço, assim como os recipientes plásticos trazidos pelos visitantes serão coletados para reciclagem ou reutilização em oficinas de criação de “telegarrafas” nas escolas dos territórios abrangidos pelo projeto. Essa interação com o público reflete as principais temáticas da exposição: educação climática, infâncias e reciclagem.

Uiara Azevedo, Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, ressalta a relevância de abordar esses conceitos durante o mês de outubro, dedicado à celebração da infância e à esperança depositada nas futuras gerações. A diversidade de perspectivas trazidas por crianças de diferentes locais, com realidades diversas, destaca a importância de ouvir e valorizar suas vozes na construção de um futuro sustentável.

INSTITUTO MUNDOS – Uma empresa social focada em projetos de educação, audiovisual e ambientais. Fundado por Igor Amin em 2006, o Instituto Mundos visa ensinar e aprender com as crianças de forma engajada, transformando as telas em ambientes acolhedores para todos.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Responsável por fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e cultura em Minas Gerais, a Fundação Clóvis Salgado oferece uma variedade de atividades nas áreas de artes visuais, cinema, dança, música clássica e popular, ópera e teatro. Além de gerir espaços como o Palácio das Artes, a CâmeraSete e a Serraria Souza Pinto, a instituição também coordena corpos artísticos como a Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, além do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade, que inclui o Palácio das Artes e a CâmerasSete.

A exposição “Telegarrafas” estará em cartaz no Palácio das Artes de 2 a 20 de outubro, com entrada gratuita e classificação livre. Posteriormente, as obras seguirão para o Palácio da Liberdade, onde serão exibidas de 23 a 31 de outubro. Informações adicionais podem ser obtidas pelo telefone (31) 3236-7307 ou através do site www.fcs.mg.gov.br.

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